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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Carta Encontrada de um Preso Dentro de um Livro em Sebo do Centro do Rio de Janeiro

" Dia 2 de abril 2007, encontro-me detido na unidade prisional Pedro Mello e Silva em Bangú, e por aqui não têm marimba e nem têm pipas como nas cadeias do Comando Vermelho, aqui é osso duro, quando cheguei a prisão, isso em 2001, era apenas um jovem idealista, que sinceramente entendeu o significado de " palavras de homens", e "coletivo", na essa época era preso da polinter da praça maúa da cela 17, ali era um TCA na época, quando cheguei na polinter, fui "gentilmente recebido", e tive que dormir de sexta para domingo no que se chamava Maracanã, isso é o pátio de visitas e ali não tinha buraco para cagar e mijamos em garrafinhas de coca cola.
Um exército nunca deve recuar sobre temor que se perda a moral de seus homens, exércitos devem marchar para guerra sem medo da morte.
Dali os que não tinham muita sorte de arregar os canas e pular para especiais, ia para cela 12, e de fato teve uma fuga por lá, cavucamos buracos e de noite colocamos um velhinho para dormir em cima, e tapavam tudo com pasta de dente para que os guardas não percebessem os buracos.
Época boa, época que empunhávamos fuzis, tempos de guerras, na cadeia a guerra continua, continuamos invadindo seguros e como fizemos mesmo contra a ditadura da SEAP e de seus cachorros da SOE, invadimos o seguro e pegamos estes pedófilos, estupradores e vagabundos, que eram protegidos pelos policias e por determinadas façções, pois na cadeia o preso comum vale apenas 800 reais, e come quentinha azeda, fora nas unidades prisionais federais, aonde somente nós chefes do crime organizado brasileiro, conseguimos usufruir.
Já um estuprador, um Jack, eles são protegidos pelos policiais por serem presos de seguros o estado paga mais pelas suas vidas.
Um policial lucra mais com um estuprador do que com um ladrão 155.
Na minha vida tive poucas sensações de prazer, mas quando um alvará de liberdade canta, não conseguimos mais nos esquecer, amamos o que nos éramos, amamos nossas guerras, a guerra é contínua, ela nunca termina, somente aonde não existem verdadeiros guerrilheiros é que não leram coisas muito diferentes do aqui escrito.
Saudades dos tempos das favelas, quando eram favelas habitadas por brasileiros que lutavam pelo controle de seus territórios.
Hoje a favela está sendo globalizada estão arruinando suas culturas, são os expurgos da escória americana e seus drones e não pilotados.
Isso escrevo daqui de Pedro Mello da galeria J, minhas memórias não sei aonde poderão chegar mas mesmo assim deixe-as escritas. Fé em Deus Para Também minha família vermelha da antiguidade da Mineira.
Vivo sou traído
Preso Abandonado
Morto Deixarei Saudades"

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