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sexta-feira, 20 de junho de 2014

De Manhã

Ainda quando acordo de manhã ainda posso escutar o som do confere da agitação para pegar pão e café na fila, do presídio.
Nossos camaradas que isto estão lendo devem pensar por que será que ele fica se lembrando dessas coisas, são coisas que não quero esquecer, e foi explicar.
Durante os anos que passei na cadeia fiz meus melhores amigos ali, chego mesmo a ter saudades de nossas conversas, ficávamos 90 em uma galeria cada um em uma comarca, jogávamos ronda, construíamos baldes para manter gelado a água e guaravita, as vezes nos discutíamos, aquilo era um coletivo cada um tinha uma função.
Creio ter deixado parte de mim ali, seria engraçado vir escrever muitas coisas, mas com o tempo e a solidão, começamos a ter falta de boa companhia, e sinceramente os camaradas mais inteligentes que conheci estavam na prisão.
Eu sei que tem muito inocente ali, pois vivi ali com eles, até hoje e sei que alguns podem ter acesso ao que escrevo, quero deixar um abraço do amigo muçulmano, estou aqui fora mas não esqueci dos que estão aí dentro não, continuo lutando por vocês mesmo em detrimento da minha própria segurança até pois sei que o mais velho deve ser o primeiro a chutar o chapão para que isso sirva de alerta de última forma para os mais novos.
Saudades carregamos no coração, e nunca vou me esquecer dos meus amigos de coletivo.

Abraços aos amigos Barcelar, Tristeza, Pirulito , Mamaco, De Nikit, Pato Roco, Pacholla e Pastor, estamos aí juntos e misturados.

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