" Confere, vão conferir o inferno, esse era o grito de ecoava pelas galerias do presídio Frei Caneca, gloriosos dias, que nos lembram de guerras, de barbantes amarrados, de conversas entre nós, coisa que até hoje sentimos saudades. Meus melhores amigos conheci na cadeia, o único motivo de escrever essa carta, em defesa, dos que estão presos, pois muitos homens lá dentro, são homens de verdade, não são presos de seguro, são homens inteligentes, doutrinados e fiéis as suas aspirações. A cadeia é o lugar mais popular do planeta.
Quantas vezes não pulamos na galeria com estoques feitos vergalhão, e pedaços destas " lâmpadas frias", mais compridas para matarmos uns aos outros, quantas vezes não invadimos os seguros e passamos por cima da autoridade da SEAP e invadimos seguros tacamos fogo em colchões, independente se circulou ou rodou, hoje somos os mesmos não somos mais divididos.
Já fiquei 4 anos por lá, trancado em galerias e celas de delegacias, pavilhões, e a espera da morte, se não morremos deve ser pelo motivo de orgulharmo-nos de nossas batalhas, de nossas feridas, do nosso sangue derramado.
Confere seu babaca a puta que pariu, seu sem colhões, escravo do sistema.
Torturador de merda, estamos aqui pois somos homens, aonde os senhores excelência falharam por completo, por termos defendido a nossa identidade.
Fomos confinados, presos e torturados, pois ninguém pode escrever que não está sendo torturado um homem trancado, em uma cela com outros 120 homens, em menos de 25m².
As vezes tendo que pedir implorado um pedaço de cebola para colocar no feijão pois é azedo e não têm gosto e nem colher para comer que coma com um pedaço de papelão da quentinha e faça uma pá.
Privados de sonos de comida, com doenças pela pele, piolhos, percevejos, um se apoiando no outro para tentar sobreviver, enfim estamos legados e jogados pelos escravos do consumo na sarjeta do esquecimento para sermos mortos, do pensamento social burguês, de capitalistas, com o cu cheio de medo de serem sequestrados ou mortos em alguma esquina.
Nós sabemos aonde estão, sabemos quem são, sabemos muito bem quem são nossos inimigos, e na hora certa iremos atrás deles, como fazíamos velhos, dias aonde os homens não precisavam se corromper para serem homens.
Minhas políticas sempre foram tolerância zero com tentar de matar ou com idiotas armados andando a solta por aí, não tinha dó, não tenho compaixão enfio é chumbo quente na cara, chuto o crânio, vejo se tremer, e mando para o inferno quem cruza meu caminho"
Carta encontrada dentro de um livro comprado no Sebo.
Autoria incerta
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