"Os dias são sempre os mesmos para quem está na cadeia, mas não quer dizer que sejam sem graça, por aqui, o lugar mais popular do planeta, vivemos entre os únicos humanos entre aqueles que se alimentam inferiormente a percevejos.
Ficamos em trancas lotadas com capacidade para 5 pessoas mas com 120, vivemos no desespero diário da sobrevivência, recebemos pouquíssima água, nosso quentinha chega as 11 horas sempre azeda.
Não temos visitas, nem nada, raramente alguém vêm nos ver, passamos enormes dificuldades, para conseguirmos dinheiro, para mantermos o mínimo da dignidade, lavamos nossas roupas em sacolas plásticas, com sabão em pó, depois as retorcemos e as penduramos nas grades.
Por aqui doenças como a sarna, conhecida como quitita se propaga rapidamente, e são tratadas com as pontas de cigarro quente para que não se alastrem.
Estamos aqui torturados, e ainda conseguimos sorrir, a sensação é dever cumprido, o sistema não nos corrompeu, nós enfrentamos o sistema, somos por ele caçados, não temos direitos civis, não possuímos passaportes, somos camaradas marcados para morrer, mas não temos medo, nossa história que nos honre.
Privados de sono, dormindo amontoados, de três em três horas com sarna, furunco, e outras mazelas.
Quantas vezes nós não fomos enfiar o pé no chapão, foda-se a SOE, foda-se a desipe, foda-se a PM, nós batemos de frente com juízes, desembargadores, ministros, oficiais de justiça, o sistema não nos curvou, olhamos para frente com ideal.
Camaradas e amigos nós sempre estivemos juntos hoje aproximados por uma tecnologia que tenta nos silenciar, nos ocultar, mas não tememos a nada, nem a morte, somente a Deus, Allah Hu Akbar, nós somos a resistência mártir, vencer ou morrer.
Saudações a todos meus camaradas"
Cartas encontradas dentro de uma livraria num sebo do Rio de Janeiro
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